Coisas de outros tempos

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sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Regulamento dos Chafarizes de Lisboa


Não encontrei ainda uma fonte segura de informação acerca do número exacto de chafarizes existentes em Lisboa. Sabe-se que, na época de D. João V, por altura da construção do Aqueduto das Águas Livres, ou pouco depois, existiam 64 chafarizes na cidade de Lisboa, alguns propositadamente edificados para aproveitar o abastecimento de água à cidade que o aqueduto iria propiciar, nomeadamente o Chafariz das Amoreiras, o de Entrecampos, o das Janelas Verdes, da Estrela, do Rato, do Carmo, da Esperança, etc., que eram frequentados por lavadeiras, já que alguns possuíam tanques para lavagem de roupa e, sobretudo, pelos aguadeiros. Estes tinham obrigatoriamente que inscrever-se e obter uma licença, que era passada pela Câmara da cidade, sendo também compelidos a ostentar uma medalha ao peito com as armas da Câmara, os seus números e os números da companhia e chafariz a que pertenciam, a qual teria que estar a descoberto (assim reza o artº 15º). Os aguadeiros eram ainda obrigados a auxiliar a população em caso de incêndio e deviam por isso levar para casa um barril cheio de água para as emergências. Só em 1880 terá tido início um abastecimento urbano e domiciliário de água, já proveniente do rio Alviela, após a construção da Estação Elevatória dos Barbadinhos e do Aqueduto Alviela.

A Mãe d'Água, sita ao Largo das Amoreiras, cuja construção terá terminado em 1834, e o Reservatório da Patriarcal, junto ao Jardim do Príncipe Real, concluído em 1864, propiciavam o necessário armazenamento da água transportado através do Aqueduto das Águas Livres, cuja obra foi dada por completamente pronta apenas em 1799, tendo sido custeada em boa parte pelos impostos da água que eram cobrados aos aguadeiros ou, de uma maneira geral, ao povo de Lisboa.

Em fontes consultadas sobre tempos mais actuais, no site Páginas de Lisboa, é apontado o número de 56 chafarizes ainda existentes em Lisboa. Sobre a Mãe d'Água, existem informações interessantes em páginas sobre Histórias da Mãe d'Água, podendo ainda ser consultadas páginas relativas ao abastecimento de água em Portugal no Guia da Água e no Centro Nacional de Cultura. Sobre os chafarizes de Lisboa existe uma obra de Jorge Cruz Silva e Joaquim Oliveira Caetano intitulada Chafarizes de Lisboa, datada de 1991 e publicada pela Distri.

A reprodução que aqui incluimos é do Regulamento Para os Chafarizes da Cidade, datado de 1852 e publicado em Lisboa na Imprensa Silviana. É um pequeno opúsculo (10,4 x 7,6 cm) que consta de 32 páginas e contém 60 artigos, tendo sido aprovado em reunião de Câmara a 7 de Outubro daquele ano.






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